O tempo me esqueceu
O tempo me esqueceu
A noite, com seus silêncios, me entedia,
Mas não tenho escolha, o sol não brilha mais
Não há cortinas nas janelas
As sombras e as luzes se atropelam nas vidraças
Num trôpego e confuso balé
O vento, com seus sussurros, zomba de mim
Está frio, mas as hélices do ventilador de teto giram
Impulsionadas pela energia do vento
Diferentes de mim, inerte no meu ócio
Tudo o que mais quero já não me pertence
Não busco mais, embora tanto deseje
Está frio, porém não fecho a janela
O vento me faz companhia
E me distraio com as hélices que giram
Eólicas, lentas, preguiçosas
Já é tarde e as luzes da rua não se apagam
Atropelam-se com as sombras nas vidraças
Todos dormem
Alheios e diferentes de mim, que não sonho
A realidade não dorme, nem afaga
Tampouco acelera as horas
Parece que o tempo se esqueceu de mim
O dia não vem me salvar