Luzes, sombra, pensamento e dúvida.

Dúvida

Não raro

Necessária e boa

No momento oportuno

Justifica o cinismo egoísta

Existe uma voz gritante

Nos dizendo em brados surdos

Mas não temos tempo

Para ouvir e nem pensar

É urgente viver

Enquanto isso os sinos tocam

Lentos ponteiros de areias ao vento

Os seus olhos, sempre abertos

Não veem

Com qual velocidade

O Universo se move

A dúvida se esconde

Por detrás da cortina fechada

E passa completamente

Veloz e despercebida

Vidas e vidas

Talvez a gente as viva muitas

Apesar de alguém dizer

Que não existe a certeza de nada

A ciência a explica

Mas somente a existência de um Deus

A justifica

Não dá pra juntar dia com noite

Nem se pode os separar também

Mas a luz existe

Quando a mente se permite

A gente pode

Acendê-la e apagá-la a qualquer instante

O pensamento é uma uma obra do acaso

Diferente dos pássaros

Que foram feitos pra voar

E voam

Gente feita pra pensar

Destoa da multidão, quando pensa

E quando pensa

Pensa que voa

Persiste aquela voz, que nos fala

E outra, que a manda calar

Qual delas, dentro de nós

Seremos nós?

É como olhar pelo espelho

Através de um outro espelho

Saber que existe algo infinito

É o princípio de qualquer insanidade

Insistente em querer-lhe alcançar

Enquanto isso os sinos tocam

Seus ouvidos atentos não ouvem

Você crê só naquilo que vê

Mesmo que não veja

Que aquilo eram somente sombras

Projetadas pelas próprias mãos

A vida e o mundo

Se curvando e obedecendo

A cada vontade sua

Quem sabe, um dia a gente acabe

Ou não

Passando pela morte

de olhos fechados

O "olhar para o nada "

É finalmente perceber

a quase tudo

Mas creio ser esse

Aquele momento, que efetivamente

Costumamos dizer

Demasiado tarde.

Edson Ricardo Paiva.