No quarto

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No quarto

Sinto o melodrama do tempo.

Tento não sofrer, até minto.

Mas a dor destrói

meu acústico instinto.

Cinto esmagador que fere!

Fivela que obsta a praticidade...

Mãos trêmulas, tentando desfazer

o labirinto dos meus medos.

O passado surge e ressurge,

a passos largos.

Medos, espantos, fantasmas.

Estaria noutra dimensão, liberta?

O presente traz novas angústias,

renovados medos e buscas.

Percebo fantasmas coloridos

- Estou no século XXI, será?

No futuro, quando envelhecer,

quero ter mais histórias.

Não apenas as de fuga, medo

- Quero contar o que aprontei.

Quero chorar de sorrir!

Dar gargalhadas

pelas loucuras que vivi;

Falar dos carros, os bancos...

Nada de marcas de carro!

Nada de bancos mercantis!

Quero falar sobre beijos...

Nos bancos, deitando o assento.

Viajei demais, cansei.

Os tempos do tempo tiram o fôlego.

Agora que percebi

- Está chovendo e tem goteira.

Nijair Araújo Pinto

Iguatu, 12 de março de 2017.

8h50min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 13/03/2017
Código do texto: T5939360
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