Não estou só

Como saberei se a dor voltará amanhã...

Descobrindo o céu da poesia, feito geada,

Embranquecendo tudo, a grama, o romã;

Trazendo frio de todo dia, noite enluarada.

Madrugada gelada, congelando os poemas,

Folhas solitárias tão cheias de pó do tempo;

Mas por favor, se voltar não tema, não trema,

Nem de frio, nem de vazio, e se o vento...

Vier feito brisa leve, sussurrando em teu ouvido,

Arrepiando a pele coberta, se acerte com a vida;

Arranhe o gelo da noite, ou derreta, introvertido,

Mas duvido que fique sóbrio, pois há tanta bebida.

Mas não bebo nada, te olhei de longe, lembranças...

Ecoaram, queimaram, derreteram as lágrimas minhas,

Viraram poesia, traços rasos, linhas de tantas andanças;

Que ouve com medo, a solidão que não me deixa sozinha.