ócio

horas sentado em frente ao jardim

olhando o pé de acerola começando a carregar

o ipê amarelo que nunca dá flor

a goiabeira com várias goiabas já provadas pelos passarinhos

e prostrado sozinho, contentando-se

com o silêncio do pingo das gotas

da água do ar condicionado no chão

eis que a tarde já caiu

e os passarinhos não vêm mais não

mas a mulher não tarda a chegar

isto está no ar

nem é preciso pensar

só a ela ele permite que lhe perturbem esse ócio

por que não procurar um sarau

pra dizer seus poemas

pra quem já está cansado

mesmo antes de tê-los ouvido?

por que não estar sempre perto

de alguém como o que faz bem

a qualquer um?

por que não ser mais um

ao invés de preferir

fazer-se de doente?

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 05/09/2015
Código do texto: T5371337
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