SOLIDÃO EM TARDE DE CHUVA
Tarde de chuva
tento olhar através
da janela, não consigo,
nada vejo além...
Apenas ouço, passos
apressados do vai vem.
Penso em silêncio.
Queria tanto que um
daqueles passos apressados
fossem do meu bem.
Solitária, me vejo chorar,
sinto me faltar o ar,
nada me resta a fazer
apodero-me de papel
e lápis me ponho a escrever.
Escrevo, rabisco, traço traços
sem ter nada a ver.
A chuva continua, os
passos sessaram,
no turbilhão das águas
minha palavras se calaram.
Minha solidão era tanta
que não me deixava pensar,
voltei a janela, apenas pra olhar,
eis que um vulto apareceu,
era um vulto de alguém
que pensei em estar morto
mas que na verdade não morreu.
SONIA BRUM