Se eu pudesse
Se eu Pudesse
Se eu pudesse expressar meus sentimentos
Falar tudo que eu sinto agora
Dessa angustia desse tormento
Tornaria eu a ir embora
Porque o ontem já marcado por despedidas e naufrágios
Porque o hoje já naufragando palavras vãs
De que adianta, pois, não posso desfazer desse novelo lãs...
Se eu pudesse retornar aos tempos em que o gesto de menor
Valia.
Não estaria eu neste lamento e nem lama que secar teria!
Nem angustia nem tormento me teria como mora.
Se eu pudesse sepultar a minha enorme dor
E nessa terra o que eu mais quisesse fosse amor
Na certa nasceria uma fruta azul lilás
Da qual mesmo que verde suas folhas traz
E alguém que entendesse desse novo plantio
Saberia com certeza desse lilás e anil
Destilar da dor do amor de outrora
O mais doce vinho, sabor de amora.
Se eu pudesse ser poeta nesse instante
Eu que em devaneios crio frases sem sentido
Eu levaria das poucas às mais sensatas
Não por ter falado escrito ou ouvido
Mas porque de todos o que foi vivido
Eu que hora amor, e hora amante!
Fiz-me de adubo do vegetal que sou agora.
Talmeida 10 / 04 / 2006