para sempre

pareço para sempre enjaulado

no vigésimo-quinto andar

onde há dez apartamentos

quase todos tão vazios

nos dias alegres e frios

ou dias de intenso calor

em que eu possa estar muito triste

ao sair do elevador

me acho logo engavetado

aquele piso de mármore

aqueles umbrais de mármore

todas as lajes de mármore

não existe o olhar ao lado

não existe o olhar que define

apenas o olhar assustado

do medo que não se redime

do medo diante do “fine”

do fim que não foi esperado

Rio, 28/09/2006