O vácuo
Experimentar o vazio,
Olhá-lo por dentro,
Ver a imensidão do nada,
Respirar as vastas planícies escuras,
E ser capturado oco, fechado e sedento,
Erguendo-se pungente o odor de enxofre,
Do meu escatológico habitat submerso,
Onde andei por toda uma vida,
E fiz de recantos cinzentos todo o meu universo,
Preenchendo as lacunas do coração que bateu sempre no vácuo,
E que bombeou sangue por caminhos nunca imaculados,
Um corpo empurrado pela existência,
Oco, que vagou sem nunca ir,
Que implodiu num só espanto,
Sem ninguém jamais notar ou ouvir.