Casa Abandonada
As paredes descascavam tristeza
O telhado desabara negação
Janelas molhadas em frieza
Que se encontrara escura, solidão
Portas de madeira antiga
Móveis cobertos de poeira
Pouca luz num breu que intriga
O dia, sem atravessar, barreira.
Lareira acesa sem fogo existente
Era o frio da noite rangendo a madeira
Sofrendo sozinha, sem gente
Família partira, sem jeito e maneira
Detalhes vistos em fechaduras antigas
O temporal externo degrada a ferida
Pobre casa revelando a sofrida
Permanência sombria, sem companhia
Estações trazem eterna ventania
Varre o calor de um fogo cessado
Esquecido num lar sem família
Descobrindo cicatrizes do passado
Anos são apenas efeitos da vida
O ritmo de uma eterna e desalmada
Fonte perdida e não mais reconstruída
Deixada ferida, numa casa abandonada...