Gotas

Me abrace que eu derreto em chuva,

Escorro pelos telhados

E me atiro de encontro ao barro,

Ao asfalto e ao cimento

Do modo mais suicida que uma gota pode tentar.

Mas havemos de sempre lembrar

Que chuva nunca se faz

Com apenas uma só gota.

Elas nunca caem sozinhas.

Apostam corrida na queda

E juntas percorrem seu mundo

Ate desaguarem em conjunto.

Até as gotas têm companhias

ao contrário desse vulto

que as observa atentamente

Debruçada sobre o parapeito oculto.

Enquanto elas percorrem o vidro,

Se encontram, se beijam, se fundem.

E o vulto do parapeito

Só se funde com o silêncio perfeito.