- Os Encantos Da Solidão -' *
Arrancou-me o coração com esse teu olhar ferino
O pendurou no pescoço como um amuleto sangrante
Adentraste fugindo entre as folhas de um labirinto
Me fazendo persegui-lo numa confusão angustiante
Te busquei nos bosques mais sombrios
Em uma vasta escuridão me encontrei
Me estremeceu as entranhas de frio
Faltou-me o fôlego, quase congelei.
Até que o vi, a seguir borboletas noturnas
Malditas falenas! que vagam na solidão das trevas.
Distintas da delicadeza das voantes diurnas
Que aparecem com os primeiros ventos da primavera
Avistei-o quando ajoelhou-se no chão
Penetrou suas mãos a cavar, côncavo tornando...
Naquela úmida terra plantou meu coração
De coração à sementes. reduzia, fragmentando...
Nossos versos de amor transformaram-se em espinhos
Espalhados no pó da terra perfurando os meus pés dolorosamente
As palavras que foram tão nossas, derramadas no caminho
Como o mar salgado, fazendo arder minhas feridas, intensamente.
No centro do labirinto em um jardim enraizou meu coração.
Em meio a rosas brancas, brotara uma vermelha carmesim
Perfumada rosa, porém, dilacerava nela uma grande solidão
Mas esse isolamento de distinção não lhe causara nada ruim
-Enlevou-me, quem diria que fora regada com lágrimas de um ladrão?!-