- Os Encantos Da Solidão -' *

Arrancou-me o coração com esse teu olhar ferino

O pendurou no pescoço como um amuleto sangrante

Adentraste fugindo entre as folhas de um labirinto

Me fazendo persegui-lo numa confusão angustiante

Te busquei nos bosques mais sombrios

Em uma vasta escuridão me encontrei

Me estremeceu as entranhas de frio

Faltou-me o fôlego, quase congelei.

Até que o vi, a seguir borboletas noturnas

Malditas falenas! que vagam na solidão das trevas.

Distintas da delicadeza das voantes diurnas

Que aparecem com os primeiros ventos da primavera

Avistei-o quando ajoelhou-se no chão

Penetrou suas mãos a cavar, côncavo tornando...

Naquela úmida terra plantou meu coração

De coração à sementes. reduzia, fragmentando...

Nossos versos de amor transformaram-se em espinhos

Espalhados no pó da terra perfurando os meus pés dolorosamente

As palavras que foram tão nossas, derramadas no caminho

Como o mar salgado, fazendo arder minhas feridas, intensamente.

No centro do labirinto em um jardim enraizou meu coração.

Em meio a rosas brancas, brotara uma vermelha carmesim

Perfumada rosa, porém, dilacerava nela uma grande solidão

Mas esse isolamento de distinção não lhe causara nada ruim

-Enlevou-me, quem diria que fora regada com lágrimas de um ladrão?!-

Sâmya Costa
Enviado por Sâmya Costa em 23/02/2014
Reeditado em 10/10/2015
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