O preço

Eu emudeci em mim ate me perder nestas destilações carnais

Não havia no sorvete um riso congelante

Ao pestanejar pude sentir seu perfume flor carnívora

E ver então sangrar o esmalte de tuas unhas

Duas mãos trigos idôneos

Não ocultavam o sentido abstrato do olhar

Nenhum novo sentimento nasceu por ousar

Apenas as feridas doidas em crise de solidão

Que chego a pensar que vou de fato me enforcar

Ou conseguir uma arma para apagar minhas lembranças

Insuspeitado eu sigo

Eu sou um suicida em silêncio

Colossal

Pois ainda naquela época não havia sofrido tanto com o amor como agora

Deixo de mim um escrito deitado na rede que aflora

Correndo como alarde pelos decifradores, pelos que ousam deduzir a desilusão.

Sai da cama com minha revolta

Pois do que se queixa o homem afinal se não dos seus próprios pecados

Não consigo fazer silêncio no silêncio que há

E dentro de mim longe de estar em paz

Meu ódio me obriga a sentir raiva de mim.

Francisco Cavalcante
Enviado por Francisco Cavalcante em 23/01/2014
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