Menino que vi II
Vi o menino junto a uma sepultura,
Ao lado da senhora de terço na mão.
E via nos seus olhos imensa candura,
Que contrastava com aquela situação.
Os ossos colocados naquele úmido chão
Pareciam peças de um quebra-cabeça,
Naquela dolorosa e triste exumação,
É a pintura gótica na minha cabeça.
Na sua inocência ele jamais saberia,
Que os ossos contavam a sua historia,
Naquela caixa branca sua mãe jazia.
Sem saber lhe fazer uma dedicatória.
A senhora nervosa um canto entoava,
Como a ninar sua irmã que ali dormia.
Em sintonia este menino balbuciava,
No mais triste coral que ouvi um dia.
Quando o sino anunciava o meio dia
Seguiram em silencio pelo cemitério,
Eu do meu ponto que a tudo assistia
Sofri sem saber a razão do mistério.
Toninho
15/06/2013
Tem inspiração que deixam meus olhos translúcidos, como algumas manhãs de Minas Gerais no inverno.