Alucinação
Estarei louca se procuro teu beijo
Estendendo as mãos para tocar-te o rosto?
Agito os braços no vazio da noite
E tenho medo
Que o céu desabe com o peso das estrelas
Enraizada no parir dos tempos
Espalho o pó de milhares de anos
Que me cobre a alma abatida e estática
Sufocam-me tantas camadas de tempo
E tenho medo
Sinto a pele gelar transmudando-se em escamas
E voo livre como pássaro a migrar
Visões de nuvens coloridas em revoada
Que só existem numa tarde para esconder o sol
E tenho medo
Nesta tempestade dos tempos sou só
Uma planta agarrada à terra gretada
Sinto-me repartir em particulas multifacetadas
Poeira cósmica compactada , eternizada
E tenho medo
Na estonteante alucinação deste instante
O sol explode numa chuva de ouro em pó
Vejo teu vulto passando pelos meus sonhos
E tenho medo
Que o céu desabe com o peso das estrelas