Sobre a vida.
Se me vale valer algo
Que seja esta transfiguração de homem para verso!
Que seja esta imagem distorcida que faço de mim
Perante a esta lupa chamada vida!
E quem sabe assim esqueço o peso desta vida
Tão amarga que lentamente sobe por minha garganta
Sufocando qualquer vestígio de originalidade.
Levando dia-a-dia um pouco deste ser.
Ah morte de minhas noites sombrias!
Tentadora fiel de meus atos infecundos!
Você que caminha lentamente sobre a minha mente
Fazendo-me debruçar sobre isto que chamamos vida!
Forçando cada gota deste meu sangue grosso
A passar por suas veias frias.
Forçando o meu ser a se juntar ao teu ser.
Ah! Se me vale valer algo
E neste algo tiver a sombra daquilo que tentei ser!
A sombra de um homem que só imaginei ser.
Que seja então nestes estúpidos versos
Pois por outro meio não sei valer.