É verão, sei lá!
Bum, bum...
Bate em meu peito um coração
Bum, bunrum, bum,bum
Sai do aperto solidão!
Hoje o rio desce enquanto a poeira sobe
As fendas se fecham, escurecem...
Lá vejo o amarelo, o verde, o vermelho...
Porém aqui tudo ainda é cinza.
Maria do gueto já foi sambar
Da minha janela, fervendo vem passar.
Hoje cego, surdo, que do canto não me desloco
Tão quieto, imóvel como um bloco.
Ele um dia foi chiclete
Hoje apenas um banana
Sem asa nem uma águia para o guiar
Sem cheiro, sem amor pra dar
Perdido no paraíso
Sem ao menos uma pequena Eva
Não restou-lhe nenhum abada
Mas ainda tem uma fantasia
Ainda escuta o tambor:
Bum, bum...
Bate em meu peito um coração
Bum, bunrum, bum,bum
Sai do aperto solidão!