NOVA INFÂNCIA
NOVA INFÂNCIA
Andava pelo mundo
De pés descalços
Indo bem fundo
Sem percalços
O mundo era pequeno
Do tamanho de algumas ruas
Podia ir bem sereno
Em sua meninice ingênua
Brincava solto e livre
Não havia o Deus me livre
Dos riscos e da insegurança
Podia ser criança
Vagava de vizinho a vizinho
Todos se conheciam
E também sabiam
Quem era o amiguinho
E aí veio o progresso
Com toda a sua beleza
E a brincadeira sucesso
Passou a ser dentro da fortaleza
Não pode mais brincar na rua
Não pode botar a cara na porta
A segurança está desvistida, nua
A criança livre está morta
O vizinho é desconhecido
Quem sabe é bandido
O grande amigo não tem vida
É apenas uma tela sem vida
Tem o mundo nas mãos
Mundo que não machuca
Mas é uma infância maluca
Parece estar numa prisão
Não vai sozinho pra escola
Na rua não joga bola
É dia e noite nos games
De diversos names
É adulto em corpo de menino
É progresso e desatino
Foi-se a liberdade
Ficou a só individualidade
Agora é infância virtual
Sem contato social
Amigos em rede
Imagens sem sede