NOVA INFÂNCIA

NOVA INFÂNCIA

Andava pelo mundo

De pés descalços

Indo bem fundo

Sem percalços

O mundo era pequeno

Do tamanho de algumas ruas

Podia ir bem sereno

Em sua meninice ingênua

Brincava solto e livre

Não havia o Deus me livre

Dos riscos e da insegurança

Podia ser criança

Vagava de vizinho a vizinho

Todos se conheciam

E também sabiam

Quem era o amiguinho

E aí veio o progresso

Com toda a sua beleza

E a brincadeira sucesso

Passou a ser dentro da fortaleza

Não pode mais brincar na rua

Não pode botar a cara na porta

A segurança está desvistida, nua

A criança livre está morta

O vizinho é desconhecido

Quem sabe é bandido

O grande amigo não tem vida

É apenas uma tela sem vida

Tem o mundo nas mãos

Mundo que não machuca

Mas é uma infância maluca

Parece estar numa prisão

Não vai sozinho pra escola

Na rua não joga bola

É dia e noite nos games

De diversos names

É adulto em corpo de menino

É progresso e desatino

Foi-se a liberdade

Ficou a só individualidade

Agora é infância virtual

Sem contato social

Amigos em rede

Imagens sem sede

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 29/10/2012
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