DO MEU AMOR, RESTOU...
DO MEU AMOR, RESTOU...
Quem me contabiliza por fora,
Não sabe o que me falta por dentro.
O brilho que dizem que há nos meus olhos;
Não reflete a sombra da solidão que me esconde.
Nem sempre o que resta diz o que ficou.
O que tem no estoque é intocável,
É material que pesa muito na balança
È ordem de serviço sem peças de reposição
É recal que não tem garantia.
Por isso do meu amor o que restou
É material antigo.
São engrenagens que não se adapta a outras,
São porcas e parafusos que não conseguem fixar,
São correias esticadas que não dão,
O impulso motriz ao comando de outro motor.
É usina de força que perdeu a capacidade de gerar impulsos,
São disjuntores que não se religam
Sofreram uma sobre carga
E a posição”ON” está travada.
Fusíveis que tiveram o filamento derretido
Não aceitam nova manutenção.
Estou como dizem:
- Fechado para balanço.
O almoxarife não deixou o código de recompra.
O setor de suprimento perdeu a logística,
Assim como a contabilidade
Mostra o gráfico do balanço financeiro em vermelho.
A engenharia de projetos está sem programador
Para compor novas linhas de produção.
O recursos humanos, dispensou o entrevistador,
Pois os candidatos à vaga
Estão mostrando uma deficiência
Que não atende ao cargo pretendido.
Os clientes estão insatisfeitos com o novo produto,
Não tem atrativo visual, é incomodo,
Não tem normas do Inmetro na embalagem,
A classificação 9001 está expirada há muito.
Do meu amor o que restou...
Está em desuso e ultrapassado.
Há a necessidade de uma reformulação total
Nas dependências físicas,
E para lançar novo produto
A matéria prima está escassa.
Do que restou, restou apenas;
A vontade de ver o sol nascer
Para que a noite chegue implacável
E mais rápida possível.
Pensando bem...
Acho que não restou quase nada!
Di Camargo, 22/09/2012