MENINA DE TRANÇAS
MENINA DE TRANÇAS
Sergio Pantoja Mendes
O que me fizeste, menina de tranças,
que longe cheguei, a te procurar?
Não sabes das dores, por quais eu passei,
nem viste o deserto, das trilhas que andei?
Partiste ao mundo, hostil e vadio
fugiste inconstante, aos carinhos meus.
Deixaste minha cama e o meu quarto vazio
e trocaste os meus versos, por poemas ateus...
No que me tornaste, menina de tranças,
num trapo saudoso e com pena de sí?
Que foge da luz e da vil esperança,
amante sofrente em busca de ti?...
Ignoras as dores, menina de tranças
(cigana errante em busca do verso),
que açoitam meu corpo e min'alma criança,
e expõe ao espelho, minha culpa e complexo...
Por quais portos vagaste, menina de tranças?
Afogada que estavas, nos mares da vida,
tu riste da nuvem, que o meu sonho desmancha
e não deste atenção, a minha angústia sofrida...
E eu caminho em estradas, que antes não vira
e me quedo em vielas, na ausência de ti.
E caída na noite, sem eira nem beira,
mulher já sem tranças, triste e longe eu te vi...