NO PLÁCIDO MANTO...
Não é tudo que eu quero escrever
Que adornaria esta página vazia e alva,
Deixo estravasar daqui, ao meu ver,
As palavras que se ajuntam n´alma:
As estrelas se escondem no escuro manto
Que apergaminha pela imensidão;
Noturnas nuvens acinzentam, portanto,
Aquele sonho de uma noite de verão.
Exprimem o mais forte da essência
Que possa ter no imo mais obscuro;
Da natureza humana, a dolência,
Da divina, etérea e pura.
Quando vem no seio um suspiro breve
Que o toma para criar do nada
Uma canção, ou uma brisa leve,
É criada a alma apaixonada.
No plácido manto nortuno, a amplidão,
Reforça a sempiterna crença
Que no peito arde genuina oração,
Ao autor dessa magna presença.
E de longe ululava a triste paixão
Pela noite a dentro, pelo nome dela,
Está inconsolado pobre coração,
Por estar sozinho, pela tíbia vela.
E nas feições do fugidio dia
Nascem no crepúsculo e morrem na treva,
A sua luz que brilha, logo sombria,
Matiza o ciclo que a conserva.
(YEHORAM)