Memórias de um suicida

Andando...

Procuro a beleza da vida.

Irresistível, inexplicavelmente sedutor,

O grande brilho espectral

Que me atrai e devora;

Deslumbro-me com a beleza mórbida

E a cada passo me aproximo do abismo,

O desejo de saltar se torna inevitável a cada momento;

Por onde ando?

...

Eu sigo inerte,

É excitante estar só,

E a cada passo me perco mais;

Andando...

Procurando,

Desencontrando.

Acabei!

O que é ser feliz?

(uma vez ouvi dizer que a felicidade está na mente)

Mas a minha mente soturna,

Noturna,

Importuna

O meu semblante;

Você me vê um cisne branco,

Mas não vôo

Então onde está a minha felicidade?

As pessoas me olham,

Mas é tudo uma falsa cortesia,

Eles se agregam

E se apunhalam,

Obra de uma conjugue hipocrisia;

Eu gosto deste lugar,

Mas aqui estou só,

Eu e os corpos...

Corpos inertes

Que trabalham

E se estapeiam;

Disputam um lugar,

Lugar imundo!

Desejando...

Amor

Sonhando...

Horror

Acho que sou feliz...

Aqui estou só.