CAFÉ NA JANELA ÀS 4 DA TARDE

 

Por cima das árvores

Estão janelas frustradas

Interiores ilhados

Lágrimas contidas e aladas

 

Que percorrem o corredor

Cercado por paredes inacabadas

Sombras de olhares dispersos

No fim da escada

 

Minha lua não é vista de longe

Nem mesmo as pombas brancas

Que habitavam o beiral são como antes

 

A fumaça do cigarro

Embaça o vidro da janela

Paisagem de uma vida

Num horizonte perdido sem ela

 

Quando chove a imagem fica distorcida

Clima de film noir sem vida

Na solidão que da minha sala

 

Nunca foi removida