Erros Delicados - Cristais -

Suspiro aqueles dias

em que as brisas

de nossos diálogos

nos alegravam

como num piquenique

Inspirava suas palavras

e expirava meus sonhos

dizia nossos

emaranhamos uma vida

Mas a cada palavra não dita

ou furtivo olhar

o medo da dor de acertar

nos enforcou

nos vimos em preto e branco

cercados por fantasmas

numa velha tv

com um som chiado

Nos perdemos de nossos bons

momentos e de como fazíamos

bem um ao outro, apenas dedicando

plena atenção àquele instante, sempre

importante, mesmo que só para um

Éramos urgentes de nossa presença

estávamos sempre juntos, ao telefone

sussurrávamos nossa saudade e preparávamos

a volta, sempre superávamos nossas expectativas.

Quebramos nossos cristais

nas ofensas mudas e nos gestos brutais

e quando deitávamos separados em nossas

casas os cacos dos nossos belos momentos

em nossa carne dormiam e de tanto

chorarmos por preferir a dor lacerante

à dissolução de nossas vaidades

morremos mimados egoístas, sós, no cheio

mundo

de cada um.

Elias F Mourão
Enviado por Elias F Mourão em 31/12/2010
Reeditado em 10/04/2011
Código do texto: T2701181
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