O silêncio e a voz

Sujos e justos versos,

Venham me acompanhar

Palavras mal escritas

Para um dia realizar

Contas de uma estória sem começo

Contos de um dia sem fim

Sopro, devaneio, apreço

Madrugada a fora, fora de mim

Cada voz, uma bela melodia

No silencio crio o meu som

Estagnado feito rocha, um dia,

Hei de cantar se me valer o dom

Tardo, calo e escuto

Prezo, rezo e glorifico

Boa vida, mas em nada confio

Um tombo, um tropeço, nada disso

Ardo em dia quente,

Suponho no inverno estar

Claramente me contento

Nada há de faltar

Por pior que sejam os dias

Por mais quente que esteja a lua

Nada me faz parar, nada,

Pois aqui a vida ainda continua

Entrego-me tosco, ainda calado

“Enmudado” e enlouquecido

Aos braços de quem sempre me sorriu:

Ao nada, aquele sujeito frio

Convenhamos, não há o que dizer

Nesses meus completos desprazeres.

Surge então uma grande gloria

Um grande amor me foi dado

Vejam só, se não é aquela que sempre amei

Unida agora a um novo aliado

Minhas tão belas e lisas cordas

Tocam suprindo os desafinos cantados

Rio de minha voz, aquela tão embolada

Companheira da cabeça e tradutora do nada

Pedro HD Delavia
Enviado por Pedro HD Delavia em 19/09/2010
Código do texto: T2506879
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