TUAS COXAS GROSSAS
Quando eu olho nos teus olhos doces.
Quando eu escuto tua voz rouca.
Teu jeito de menina em um corpo doido.
Tuas coxas grossas acima das botas de couro.
Finjo não ver teus seios sob a fina seda.
A pele clara escondida sob o colar de ouro.
Disfarço minha fome sobre a posta mesa.
Olho para os lados para não fixar no todo .
Por baixo da carne dura do teu saliente dorso.
Sobe a pressão sanguínea no meu corpo em febre.
No vértice das coxas eu prevejo um tesouro.
E me contenho para não crescer as veias.
E me seguro para não beijar a tua boca.
E me contenho para não morder a tua nuca.
E me seguro para não soltar impropérios.
Sou apenas um homem de carne e osso.
Um caatingueiro magro de dote orgulhoso.
Mas , não é chegada a hora do doce mistério.
Foge de minhas mãos é tão longe tuas terras.
Bate tuas asas para um desconhecido porto.
Acordei agora de um lindo e impossível sonho.
Voltei a realidade de um dia sem nada de novo.
Na solidão do quarto viajei mil léguas.
Só resta minha mão para um parco consolo.
Se não consigo te possuir como um das selvas.
Basta este espaço para me saciar do teu corpo.