SOLIDÃO A DOIS
Neste distante trecho da estrada em que ficamos a caminhar,
Nem de longe se parece com o mundo qual me pôs a sonhar.
Radiante já não é o meu amanhecer que um dia foi esplendor,
Eu entre as cinzas nuvens que me rodeiam, não vejo seu amor.
Pétalas de rosas jogadas em nossa apaixonada comemoração,
Onde o perfume da esperança coube lá dentro do meu coração;
São as lembranças ressecadas de um mofo descontentamento,
No qual o prazer que a você eu cativava ficou no esquecimento.
Meus tantos apelos a uma santa que me salvasse do sofrimento,
E tivesse compaixão por uma mulher maltratada em sentimento,
Nesse desamor que em mim existe, ferindo-me como um espinho;
Desmancharam-se, não tendo eu mais esperanças nesse caminho.
Apagando-me, sigo de longe a tua forma que uma sombra parece ser,
Com muito medo de perder meu carinho e que mais possa acontecer.
Em nossa morada há um ermo de solidão que se intensifica devagar,
E eu com medo de me perder e nunca mais num paraíso poder morar.
Na plenitude dos anos eu me recordo de todas as belezas passadas,
Mesmo no perdão que eu te dei por amor nas suas aventuras erradas.
Não quereria nunca que essa distância tão próxima assim me atingisse,
Mesmo que meu coração eu enganasse e pra você eu nunca existisse.
Uma amargura é muito mais difícil curar do que uma profunda ferida,
Ainda mais quando ela ficou cravada na passagem desta minha vida.
Nesta união tão bonita na qual nunca se espera o silêncio do depois,
Vejo agora o ensinamento da infelicidade nesta solidão de nós dois...