Auto-Estrada para o Inferno

Morrer não é tão ruim.

Deixamos de nos preocupar,

De desejar, de errar, de pecar.

Passamos por tudo e chegamos ao fim.

Vivemos uma vida.

Com idas e vindas, tão traídas.

Sentimos que fizemos o melhor,

E depois vemos que não foi.

Pensamos em voltar, ou melhor,

Queremos voltar. Por orgulho.

Mas o que passou, já foi.

É só um o mergulho.

A vida se resume em morrer.

Alguns morrem de velhice.

Outros morrem de dor. De morte.

Alguns, pouco, morrem de felicidade.

Quem me dera eu poder morrer.

Saber que basta de erros.

Conhecer o que me faltou,

O que sou e o que poderia ser.

A morte não é tão ruim.

É um fim sem fim.

É um começo sem principio.

É apenas a morte.

Não que aspire a morte.

Mas quem me dera morrer.

Deixar este mundo e,

No fim da jornada,

Quando as luzes do palco se apagam,

Quando eu deixo de ser o que sempre fui.

Quando as mascaras de fevereiro caem,

Quando tudo é o que é,

Poder ver-me:

Conhecer-me. Questionar-me.

A morte não é tão ruim.

Morrer não é o fim.

O principio é escuro, nebuloso.

Mas o fim, não.

"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"

Le Vay
Enviado por Le Vay em 22/07/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2392530
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