Qual a cor da dor?
A dor da solidão não é tão grande.
A dor da saudade não é tão revoltante.
A dor da ausência não é tão degradante.
A dor da mudança não é tão importante.
A dor é apenas uma dor.
Sua dor, na minha vida, é flor.
A minha, na tua, é amor.
Quem sabe da dor, que é ter dor?
Se doer, se não doer, quem pode saber?
Se será ou não, quem quer saber?
Algumas dores são feitas de cores.
A dor do amor é cor de sangue.
É uma ferida que arde e arde,
E por mais que sangre, não para.
A dor da solidão é cor de noite.
Escuridão e solidão. A rima perfeita.
Uma é a própria dor da ausência.
Outra é a cor da solidão, escura e negra.
A dor da mudança é branca dança.
Dança de noiva. De debutante.
De revolucionário. De bailarino.
Dança que muda. Mudança que dança.
E a pior de todas as dores,
A mais rubra e branda. Tanto quanto,
O tanto que falta na gente:
A dor da própria dor.
A dor é cor. E qual é,
Se assim é,
A cor da própria dor?
Cinza. Não é solidão.
Não é mudança.
Não é nada... É só dor.
"Leiam minha apresentação: http://www.recantodasletras.com.br/cartas/2394709"