Pensador solitário

Às vezes, sentado na velha cadeira,

Tenho muito o que compartilhar;

Porém esqueço de enxergar

A atual circunstância verdadeira:

Não há ninguém para me escutar!

Aos desconhecidos exponho o amarelo semblante;

Aos leigos um sorriso.

Essa é a prova de que ainda tenho siso

E que de um fraterno acompanhante

De fato não preciso?

Diálogos intermináveis com fantasmas atentos,

Ou talvez um eco que ressoa...

Há nos recantos a sombra de uma pessoa

Que escuta meus lamentos

E que meu nariz assoa.

Às vezes errando por trilhas ignotas,

Afligi-me a angústia em ser solitário.

Não tenho sequer um amigo imaginário

Para errar comigo nas desertas rotas

Ou ouvir o som do campanário.

Da solidão os genuínos místicos e sábios

Sabem tirar o proveito necessário.

Mas dessa filosofia não sou sectário,

Almejo alguém que possua lábios

Para ao menos dar-me um falso “feliz aniversário”.

15/03/2010

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 13/04/2010
Código do texto: T2194144
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