Pensador solitário
Às vezes, sentado na velha cadeira,
Tenho muito o que compartilhar;
Porém esqueço de enxergar
A atual circunstância verdadeira:
Não há ninguém para me escutar!
Aos desconhecidos exponho o amarelo semblante;
Aos leigos um sorriso.
Essa é a prova de que ainda tenho siso
E que de um fraterno acompanhante
De fato não preciso?
Diálogos intermináveis com fantasmas atentos,
Ou talvez um eco que ressoa...
Há nos recantos a sombra de uma pessoa
Que escuta meus lamentos
E que meu nariz assoa.
Às vezes errando por trilhas ignotas,
Afligi-me a angústia em ser solitário.
Não tenho sequer um amigo imaginário
Para errar comigo nas desertas rotas
Ou ouvir o som do campanário.
Da solidão os genuínos místicos e sábios
Sabem tirar o proveito necessário.
Mas dessa filosofia não sou sectário,
Almejo alguém que possua lábios
Para ao menos dar-me um falso “feliz aniversário”.
15/03/2010