VINHO TINTO INCOLOR

Tenho estado sentado num canto
No canto da parede de cimento cru
Encolhido, sentindo o frio do chão
E os alfinetes furarem minha pele

Tento tentado sorrir pelo canto da boca
Mas os lábios não abrem por qualquer coisa
Então fico um pouco mais triste
Sufocado pelo sorriso que ficou cativo como eu

Tenho sentido minha porta cada vez mais distante
Assim como as gotas de chuva que caem nos vidros dos carros
Que seguem com movimento em falso para a felicidade
E esquecem que as nuvens de fumaça cobrem meu quarto

Tenho sentido o paraíso derreter na minha frente
Como o sorvete de creme que ficou esquecido na mesa
Esperando meus braços que ficaram presos no tempo
Que eu sonhava com a ilusão de ser feliz um dia

Tenho partido todos os dias
Só minha lágrima tem ficado no canto da parede
Ilustrando o corpo sem vida querida
Que foi castrado na noite de êxtase quando sorveu
A última gota de vinho tinto incolor