Sem dor
Parece que estou vivo a séculos.
Embora o tempo seja importuno;
És belo o caminhar nas pedras.
Descalço sobre elas
Sinto a leveza sob meus pés.
E você não pode tirar de mim essa sensação.
Sua perfeição não me obriga a ser perfeito.
Eu tenho a mim mesmo.
Não preciso de você.
Tenho a solidão como companheira
E o tempo como inimigo.
Essas horas ainda me matam.
Ainda hão de matar.
Destemido, encaro
O fato sem expectativas.
Pois, apesar de ter vivido séculos
Sou menos da metade que gostaria de ser.
Espero por algo que não sei o que é.
Eu sei que não quero esperar mais.
Odeio esperar.
As filas são como as horas;
Ainda hão de matar.
Sei também que não espero por você.
Sei que não espero ninguém.
Insisto em enganar-me.
Assim tem sido bom.
Então deixe estar.
Enganar-me
Tem sido como as horas e as filas.
Só que enganar é algo que me matará sem dor.