Pince-nez fora de lugar

Imerso dentro de mim

Impassível, seráfico

Desavisado, pensando em você

Pintando em versos candentes

Um quadro inútil, descrente

Ultrapassado como um pince-nez

Impassível, atávico Querubim

Demiurgo de céus-infernos na mente

Habitando mundos utópicos

Recheados de inúmeros por quês

Alma glacial exposta aos trópicos

Acossada em batalhas de obviedades

Engendrando sentir ao largo das mediocridades

A evadir-se de rotineiro, pálido entardecer

Embalados em showroom de feéricas futilidades

Refugia-se em íngreme, terrífica e espinhosa trincheira

Em meio ao palheiro, perdida na esquálida barafunda

Escamoteada em sulanca de feira, ouropel que abunda

Repousa agulha-verdade, primaz que se quer derradeira

Não se escolhe ser introspectivo: nasce-se assim. Alinhavar prolixas frases para tentar explicar o que sente um introspectivo seria como um metafórico enlace infrutífero entre a absurdidade e a perda de tempo.

Vale do Paraíba, tarde da primeira Segunda-Feira de Novembro de 2009

João Bosco (Aprendiz de poeta)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 07/11/2009
Reeditado em 25/06/2018
Código do texto: T1910095
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