Solidão
Caminho só, vagaroso
Mesmo acompanhado, só
No meu peito só um nó
Apertado, doloroso
Nesse passo desastroso,
De lado, na escuridão
Tenho turva a visão
Mesmo ao nascer do dia
Fico a esculpir poesia
E deságuo em solidão
Fugacidade dos dias,
Impaciência nas horas,
As lembranças das outroras;
Dos tempos de alegrias,
Alguns sonhos, fantasias
(Um breve aperto de mão)
E onde havia ligação;
Não mais há tal amizade
Fico pintando a saudade
Com cores da solidão
E nesses tempos trocados
Onde a plebe é nobreza,
Onde o escárnio é beleza
Somos nós tão sujeitados
A olharmos sempre os lados,
Perdidos na multidão,
Lutar por motivo vão,
Andar em más companhias,
Sorrir falsas alegrias,
Renegando a solidão