Pés no asfalto
Meus pés pisam no chão,
Noite adentro,
Solitária, caminho
Pés no asfalto negro de noite
O piche noturno que fervilha
Que armazena o calor do dia quente de verão
Meu verão portoalegrense.
A sola do tênis derrete
Os pés queimam a cada passo,
Paro, suspiro, olho o céu
Lá está o Cruzeiro do Sul!
E olhando para cima continuo a caminhar
Parece que o manto negro gira sobre mim.
Distraída desço a rua
Uma buzina! É o ônibus que quer passar, subo na calçada e desço
Perco o céu, perco o chão
O asfalto me segue sem fim, com determinação.
Após a curva o que eu espero,
Atrás do muro alto, lá está
Minha casa, meu conforto.
Um banho morno e caio na cama,
Acaricio a felina e adormeço,
Sonho com o asfalto e o céu de manto negro
Até durante o sono eles me perseguem incansavelmente.