A PASTORA DAS MONTANHAS
Eu vi os belos lábios da pastora das montanhas
Com seu rebanho de milhares entre pomares
Que pareciam aos meus olhos poemas.
Sorria as distantes cabeças de gado
Pareciam uma grande e linda nuvem fria
Da qual fiz a morada da prece que tecia
A linda pastora das montanhas.
Eu, ao seu lado prestava atenção
Nos seus passos sobre a lama descalça,
Tentava carregá-la mas ela dizia:
“Meu rebanho se ia! Meu rebanho se ia!”
Mas não havia mais rebanho, eles choveram
E inundaram a grande cidade,
Deram a vida às plantações,
Esperança ao povo,
Mas o rebanho que aos milhares pareciam poemas
Solitários pomares, e a linda pastora das montanhas
Chorava e eu não entendia, não via, não sentia.
A alegria que seu rebanho dera, tirou a dela.
A vida que concederam foi se dela esvaída.
A pastora tornou-se reclusa de suas próprias montanhas
No seu redor a terra abriu para absorver suas lágrimas.
Desde então chamei aquelas montanhas e abismos
De solidão.