Desenhando palavras
Olho o relógio,
Seu tic-tac me hipnotiza,
É como se comigo falasse.
Seu ritmado barulho diz “tempo, tempo, tempo”,
É só saber ouvir além do tiquetaquear incansável.
E enquanto os ponteiros vão se movendo,
Segundos, minutos e horas,
Eu vou desenhando palavras no papel em branco,
Esquecendo-me de meu tempo.
A caneta de tinta azul vai riscando,
Tracejando e punindo-me as horas.
“Tempo, tempo, tempo” ele diz por sobre as bailarinas,
Porém elas ali não dançam,
Apenas escutam o tempo que vai passando,
Se perdendo no momento.
Enquanto eu continuo incansavelmente
Acompanhada do papel e do tinteiro
Assim seguindo, meus dias e meu tormento,
Assim eu vivo e continuo desenhando palavras no meu tempo.