FIEL COMPANHEIRA

Eu sou enquanto escrevo; quando termino, já não sou mais...

Ó Dor! Ingrata, mas a única e solidária companheira.

Tu, quem sempre estás presente nos piores momentos;

Tu, quem vês as lágrimas que ninguém percebe,

E quem ouves os imperceptíveis gemidos.

Quem, com o teu abraço, torna a solidão menos solitária.

Ó Dor! Tu a inquerida, mas nunca esquecida!

Companheira indesejável, porém imparcial.

Jamais convidada, todavia, a mais presente.

Impassibilis não inocenta e nem julga.

Jamais discriminas raça, sexo, crença ou cor.

Tu, quem despertas o Homem para a sua existência,

Rememorando-lhe os aprazíveis dias de sua humanidade.

Tu, quem silente, ouves-lhe as profundas e sinceras confissões.

Tu, quem o levas a perceber a inutilidade do mundo,

E quem lhe revelas a impotência do vigor humano.

Tu, ó Dor, intangível e prepotente.

Sim, a tirana de todas as tiranias.

Mas tu, e tu somente, quem podes levar o Homem a clamar, Motivando-o a olhar para o alto e, em desespero,

Esperar em Deus, sabendo que, no desespero, ainda há Esperança.

Moses São Paulo, 11.01.2006 – 03h45

Alterado em 02.10.2007 F.Vasconcelos