VAI-TE

Vai-te caminhando

a outrem

sem pretensão maior do que ir-se.

Quero jazer em sombras

límpidas

sem palavras

fôrmas ou

frenesi.

Deixa-me

no exilo de mim

à espera do vazio

de um ardor divino

nômade em desvario

magnífico sem fé.

Suma de mim

pois fico plena em orvalho

quieta

silêncio prenhe daquilo

que pulsou em nós.

Nossos fantasmas vagueiam

despem-se em vestes

exíguas

de um fulgor atordoado

inútil e reluzente

de maresias em dor.

Uma nudez de semente

voa, a popa,

ao sabor de adubos adversos.

Sonhos são quimeras

e se não o fossem

matariam o humano

no momento anterior ao desejo

virtuoso e desviante

de viver.

Ana Perissé

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 07/07/2008
Código do texto: T1068894
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