VAI-TE
Vai-te caminhando
a outrem
sem pretensão maior do que ir-se.
Quero jazer em sombras
límpidas
sem palavras
fôrmas ou
frenesi.
Deixa-me
no exilo de mim
à espera do vazio
de um ardor divino
nômade em desvario
magnífico sem fé.
Suma de mim
pois fico plena em orvalho
quieta
silêncio prenhe daquilo
que pulsou em nós.
Nossos fantasmas vagueiam
despem-se em vestes
exíguas
de um fulgor atordoado
inútil e reluzente
de maresias em dor.
Uma nudez de semente
voa, a popa,
ao sabor de adubos adversos.
Sonhos são quimeras
e se não o fossem
matariam o humano
no momento anterior ao desejo
virtuoso e desviante
de viver.
Ana Perissé