Ontem - Hoje - Amanhã

Ontem foi chão vermelho

Poeira dançando em círculo

Um grito abafado nas lonjuras do peito

Rio se buscando nas curvas, sede e suor

De quem teima...

Palavra era mais suposição do que certeza

Vento de história que soprava nos tempos

Fio de lembrança remendando o agora.

Hoje é o passado duro da estrada

Onde o sol crava, sem pedir licença.

A vida mastiga devagar as horas

Feito boi ruminando a grama.

O agora é esse trem que range nas curvas

Levando um vagão de promessas que não se resolvem.

Mas seguem porque o trilho é destino.

Amanhã?

Ah, o amanhã é um bichinho arredio

Não se laça nem se doma à força.

É murmúrio de rio antes da seca,

Segredo guardado na curva do entardecer.

O que há de vir é mais do que se vê:

É mistura do que somos com o que queremos

Do mundo. É Deus cochichando baixo com as estrelas

A gente escuta, mas não entende tudo.

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 28/11/2024
Reeditado em 28/11/2024
Código do texto: T8207237
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