TEMPO

 

Essa força que nos puxa,

Que nos arrasta,

Nos desgasta,

E que nem sentimos...

Esse passar passando,

Esse viver dormentes,

Essa neblina encobrindo a montanha

Até o esquecimento de que ela está ali,

Até que ela imploda

De dentro para fora,

E quando chegar essa hora,

Nós teremos um segundo apenas

Ou menos

Para nos lembramos do que não fizemos.

 

Essa força que nos puxa

Sem sequer fazer força,

Pois vamos com ela para onde quer

Que ela queira nos levar,

E cedo ou tarde

Vamos chegar ao final, a algum lugar?

Estradas marcadas ao longo dos rostos

Que os pés não podem seguir,

Que os olhos não conseguem ver,

E os espinhos são tantos no caminho,

Que um dia, magicamente,

Os pés param de doer.

E cada vez mais dormentes,

Seguimos, cada vez mais encurvados,

Cada vez mais calados,

Indiferentes...

 

E o mundo se transforma em qualquer coisa,

Em qualqer tédio, em qualquer nada,

E às vezes, a gente se pega torcendo

Para que a bomba seja jogada.

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 21/11/2024
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