TEMPO
Essa força que nos puxa,
Que nos arrasta,
Nos desgasta,
E que nem sentimos...
Esse passar passando,
Esse viver dormentes,
Essa neblina encobrindo a montanha
Até o esquecimento de que ela está ali,
Até que ela imploda
De dentro para fora,
E quando chegar essa hora,
Nós teremos um segundo apenas
Ou menos
Para nos lembramos do que não fizemos.
Essa força que nos puxa
Sem sequer fazer força,
Pois vamos com ela para onde quer
Que ela queira nos levar,
E cedo ou tarde
Vamos chegar ao final, a algum lugar?
Estradas marcadas ao longo dos rostos
Que os pés não podem seguir,
Que os olhos não conseguem ver,
E os espinhos são tantos no caminho,
Que um dia, magicamente,
Os pés param de doer.
E cada vez mais dormentes,
Seguimos, cada vez mais encurvados,
Cada vez mais calados,
Indiferentes...
E o mundo se transforma em qualquer coisa,
Em qualqer tédio, em qualquer nada,
E às vezes, a gente se pega torcendo
Para que a bomba seja jogada.