Aos Pedaços
Eu sou de lugar nenhum,
mas pertenço a todos os cantos,
sou como nuvem que se desfaz,
em formas infinitas, em novos mantos.
Carrego comigo a leveza do ar,
me estico no céu, danço ao vento,
minha essência é mudar,
levo beleza a quem contempla o momento.
Sou a imaginação ligeira,
que cruza mares, atravessa montanhas,
chego sem avisar, como brisa passageira,
para levar paz ou despertar sorrisos em manhãs estranhas.
Sou a incerteza do porvir,
o mistério que em cada passo habita,
mas na efemeridade do existir,
encontro a certeza que a vida imita.
Posso ser o que desejo,
sou viajante do tempo,
presa e caçador no mesmo ensejo,
e ao mesmo tempo, sou movimento.
Senhor e escravo, sou dualidade,
réu e juiz do meu próprio ser,
sagrado e profano em constante verdade,
profanando o que sou, tentando me refazer.
Sou luz que brilha e escuridão que se apaga,
renasço e morro a cada segundo,
nesse ciclo eterno que me embriaga,
sou o todo, sou o mundo que eu quero e posso ser...
by Tony Monteiro.