Não quero que me conheça!

Cheguei onde estou,

mas não quero que saiba,

não contei feitos,

nem quero contar,

meus nomes e números não importam,

minha história fica em silêncio,

não quero ser vista,

nem lembrada.

Eu quero sossego.

As relações, líquidas e rasas,

nas redes que tecem ilusões,

ninguém é mais inteiro,

tudo é metade.

E eu, que sou demais,

não posso caber nesse espaço.

Conhecer? Não conhecemos mais,

apenas passamos,

tocamos de leve,

e nos esquecemos.

Não sou a atenção que procuram,

nem quero ser.

Mas num olhar,

numa conversa que cruze o tempo,

aí sim, eu quero estar.

Sem paciência para pixels,

sem paciência para vazios,

quero carne,

quero voz.

E mesmo que demore,

vou continuar a procurar

aquele ser,

aquela essência,

aquela alma que também busca.

Mas até lá,

não, não me conheça.

Ponto Brune
Enviado por Ponto Brune em 09/10/2024
Código do texto: T8169498
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