Não quero que me conheça!
Cheguei onde estou,
mas não quero que saiba,
não contei feitos,
nem quero contar,
meus nomes e números não importam,
minha história fica em silêncio,
não quero ser vista,
nem lembrada.
Eu quero sossego.
As relações, líquidas e rasas,
nas redes que tecem ilusões,
ninguém é mais inteiro,
tudo é metade.
E eu, que sou demais,
não posso caber nesse espaço.
Conhecer? Não conhecemos mais,
apenas passamos,
tocamos de leve,
e nos esquecemos.
Não sou a atenção que procuram,
nem quero ser.
Mas num olhar,
numa conversa que cruze o tempo,
aí sim, eu quero estar.
Sem paciência para pixels,
sem paciência para vazios,
quero carne,
quero voz.
E mesmo que demore,
vou continuar a procurar
aquele ser,
aquela essência,
aquela alma que também busca.
Mas até lá,
não, não me conheça.