Flores Velhas
Flores velhas não brilham a toa, não soltam perfumes do nada.
As novas ecoam de tanta graça e presteza,
Solidárias, exalam seus perfumes rio abaixo, rio acima,
Transmitindo, com isso, apoio e felicidades.
Colocam à vista de todos, sempre, suas melhores roupas,
Se doam, agradam, encantam vidas alheias,
Sem pensar, sem esforços, sem nada maldar.
Flores velhas não fazem mais isso:
Já sabem preço de tudo,
Conhecem o desgaste, a fatura,
A solidão quando todos se vão repletos de felicidades,
Ficando a flor desgastada, frágil, em processo de se renovar,
De se sangrar para ser outra vez útil.
Parada aí, a flor reflete:
Tudo de novo? Por quê? Por quem?
Pelo criador, que lhe renova as forças e traz benção.
E ela vai brilhar outra vez, perfumar outra vez,
Mas agora, já velha, marcada, ferida.
Marta Almeida: 02/10/2024