DESUMANO
Cansado de ser uma cor
angustio-me por ser gente
sinto bater o coração
e tento gritar
que há mais em mim do que a tinta
que há mais na cor do que seus tons.
Preto
negro
pardo
contrariado em ser cor
angustio-me por ser gente.
Vilipendiado
subestimado
ocultado
é como me sinto no agora que dói
neste branco mundo sem cor
que, a nós, impôs a escuridão
e o silêncio
e o esquecimento
e a dor.
Mas eu falo
malungo, meu velho
Mas eu lembro
irmãos e irmãs
e vou me curando
conforme eu luto
curando este mundo
que agora me vê
e sabe que cor
não é tudo em mim
e sabe que é humano
todo este meu ser!