DESUMANO

Cansado de ser uma cor

angustio-me por ser gente

sinto bater o coração

e tento gritar

que há mais em mim do que a tinta

que há mais na cor do que seus tons.

Preto

negro

pardo

contrariado em ser cor

angustio-me por ser gente.

Vilipendiado

subestimado

ocultado

é como me sinto no agora que dói

neste branco mundo sem cor

que, a nós, impôs a escuridão

e o silêncio

e o esquecimento

e a dor.

Mas eu falo

malungo, meu velho

Mas eu lembro

irmãos e irmãs

e vou me curando

conforme eu luto

curando este mundo

que agora me vê

e sabe que cor

não é tudo em mim

e sabe que é humano

todo este meu ser!

Fabio Ferreira S
Enviado por Fabio Ferreira S em 02/09/2024
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