PALHA

 

 

Vasculho o entulho

Desse meu silêncio

Em busca de algo

Que eu tenha a dizer,

Uma inspiração,

Palavra parida

Do ventre da vida.

 

O vento fustiga,

Espalha os sentidos

Por sobre a calçada mal varrida,

Letras se confundem,

Se espalham, se afastam

Das frases não ditas.

 

Acho que me perco,

Penso que encontro

Um assento no olho

De um furacão.

Sou palha queimada,

Sou folha voando,

Eu sou o restolho

Após a colheita

Da desilusão.

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 18/06/2024
Reeditado em 19/07/2024
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