Dias estranhos

Por mais que meus olhos se fechem

Em noites onde a solidão de dias estranhos

Cante uma serenata amargurada em notas vazias,

Estarei feliz, suplantando em meu íntimo

A chama viva que me faz prosseguir

Diante dos intermináveis desafios

Desta vida oscilosa e passageira.

 

Diante destes velhos cacos expostos ao vento,

Que reconstrói o homem em sua plenitude,

A realização tão apaziguadora dos sonhos idealizados

Se mistura, dando a singular forma e dimensão

Deste ser forjado em sua essência

Por princípios atenuantes,

Que simbolizam no reflexo de seus olhos

Este mesmo homem...

 

Menino guerreiro, refém de seus mais maternais desejos,

Convicto que em suas mãos, reconstruídas das cinzas,

Acalanta nelas o sublime sopro divino da vida...

 

Este, impulsionado, se refaz

Em doces caminhos de esperança,

Mesmo diante de sua feição dilacerada

Por invariáveis momentos, pelo tempo talvez...

 

Mas em seu alforje carrega,

Cheio de otimismo,

A chama da imponente vida,

Que transborda de sua inocência velada,

Um cataclisma que renasce de seu peito,

Rumo a margens perfumadas

Com o sutil sabor do recomeçar...

Marcelino Gomes da Silva
Enviado por Marcelino Gomes da Silva em 24/05/2024
Código do texto: T8070653
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