Deus-Pilatos
Escorre de mim o sangue dos inocentes
Escorrem de mim as lágrimas dos órfãos
Escorre de mim o suor dos tementes
A esse Deus que mantém seus crentes
Com uma adaga afiada em seus órgãos
Fecha os olhos e os ouvidos para Gaza
Abençoa os mísseis dos escolhidos
O que importa se milhões já não têm casa
No inferno há tantos bons ardendo em brasa
E neste céu ecoam as harpas de bandidos
‘’Glória a Deus!’’, Adeus à glória, na verdade
Adeus à fé, que sucumbiu aos fatos
Se aos homens de Deus cabe a maldade
O que caberá, então, aos ratos
Talvez precise Deus de humanidade
E deixar de ser esse Deus-Pilatos