ÓCIO CRIATIVO
Estou sem ter muito o que pensar
Usufruir dos meus olhares vindouro ardor
Necessário a mim, e assim, entrelaçar
Entre os meus dedos, todo meu despudor.
Conto tantas imagens que desenho
Puras e livremente em pensamento
E por ventura julgo-me e me atenho
A vivenciar conjecturas do momento.
Respiro o ar sibilante da noite solitária
No respaldo infinito desta indumentária
Apoio-me em versos soltos em papéis
Que colorem o mundo iguais os pincéis.
Ressignifico-me numa grande inconsciência
Sem temer nada que evoque a impermanência
Nem sequer possa abrasar-me com afinco
Letárgico serei diante dos segundos que sinto.
Logo após não pensar, ironicamente pensarei
Nada que subtraia a minha dor vem sem juros
Onde o meu campo de escrita é onde existirei
Eternizado pelas palavras quebrarei os muros.