Confissões de uma Aurora

Quando menina, eu olhava a vida sempre vendo a morte logo ali,

Mas ela não veio.

Comemorei.

A vida foi tomando suas formas...

Numa dessas formas, me olhei no espelho,

Me vi ansiando dona morte outra vez.

Nesse tempo, eu só queria a morte mesmo,

Não o me matar, não o desligar minhas luzes.

Apenas o ponto final, certeza de todos.

O desejava como fome voraz.

Mas isso passou, a dor foi arrancada de mim,

Meu Criador me amou, me limpou,

Esvaziando meu desejo de fim,

Vazia de pressa, vazia de obrigações,

Solta, leve, pela primeira vez apalpando amor e paz.

Rindo em paz no meio da guerra, sem culpa,

Sem buscas estúpidas pela perfeição, pelo agrado,

Sem desculpas, sem ira, estranhando a paz e o riso fácil.

Nada mais da vida quero, além disso,

E continuo esperando e orando por tudo que

Antes disso já quis.

É que agora apenas quero e coloco numa prece,

Não dependo mais daquilo,

Não sou mais parte daquilo,

Agora sou paz.

Não sonhos, anseios nem fim.

Minha Identidade é Paz.

Marta Almeida: 09/11/2022